O que aguarda a indústria cervejeira em 2023?

Grupo de pessoas brindando com canecas de chopp a meia luz de um bar/pub

A indústria cervejeira voltará a crescer em 2023 após impactos da pandemia, afirmam especialistas. Veja as principais tendências para o ano.

A indústria cervejeira tem passado nos últimos anos por uma recuperação gradual dos impactos causados pelas isenções da pandemia por Covid-19. 2023 será o primeiro ano a ter novamente um calendário completo.

Ou seja, estamos diante de uma oportunidade de pleno crescimento para a indústria cervejeira tanto no cenário nacional quanto no global, segundo as expectativas de especialistas.

No entanto, é importante salientar que o mercado de cerveja não ficou congelado no tempo. Mudanças no perfil e nos interesses do público consumidor afetaram o setor e promovem uma mudança nas tendências para este e os próximos anos.

Leia também: Confira as novas tendências de consumo de bebidas alcoólicas para 2023 e os próximos anos.

Essas mudanças afetam principalmente as grandes cervejarias, que têm uma atuação mais centrada nos nichos do mercado. Mas, de forma semelhante, não deixam de se mostrar uma oportunidade para as vendas das microcervejarias.

Nesse post, você lerá:

Qual o panorama da indústria cervejeira no Brasil em 2023?

O Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de cerveja do mundo. Além disso,  é um dos países que têm concentrado a maior gama de investimentos no segmento da indústria cervejeira nos últimos anos, acompanhado pelo México e, em menor escala, por outros países da América Latina. Hoje, melhorias na produção, no marketing e no lançamento de novos produtos têm impactado positivamente o setor, e a expectativa geral é que este continue a crescer em 2023.

Uma análise da Catalisi, referência no que diz respeito ao mercado de cerveja,  levantou as principais tendências que aguardam as grandes e as microcervejarias em 2023. Veja o que os especialistas apontam para a indústria cervejeira:

Como será 2023 para as grandes cervejarias

O mercado para as grandes cervejarias está se tornando mais competitivo, com o investimento em novos entrantes e a busca pela ampliação de produção de antigos participantes. Isso decorre dos bons resultados apresentados pela indústria cervejeira, que ainda apresenta espaço para crescimento.

A Heineken Brasil é uma das gigantes que está apostando na ampliação. A empresa está investindo no segmento premium nos últimos anos e agora iniciou a construção de uma nova fábrica para 2025.

Outro grande nome que agora está entrando no mercado brasileiro é a Estrella Galicia, pertencente ao grupo Hijos de Riviera. A cervejaria espanhola está abrindo sua primeira fábrica fora da Espanha e já possui a parceria das engarrafadoras da Coca Cola – que também investiu na indústria cervejeira com a aquisição da marca Therezópolis.

O portfólio do mercado cervejeiro brasileiro tem se transformado nos últimos anos, se adaptando à tendência pelo segmento premium que vem ocorrendo no mundo todo. 

A expectativa para as grandes cervejarias em 2023 é a do investimento nas marcas já existentes, com a entrada de menos marcas. 

Além disso, quem apostar no e-commerce e na tecnologia digital deve receber destaque no setor. Esse é o caso da Ambev, que tem atuado como provedora do serviço entre empresas e pequenos comércios.

Como será  2023 para as microcervejarias

O cenário da indústria cervejeira para as microcervejarias se mostra bem diferente da saturação vivenciada pelas grandes marcas. O mercado de cerveja para os pequenos produtores oferece bastante espaço para crescimento. A ampliação do público consumidor e a diversificação dos modelos de negócio só acentuam o espaço para crescimento.

O investimento e a migração de novas marcas para a modalidade do On-Trade trouxe um horizonte positivo para as microcervejarias. O capital necessário para esse modelo de negócio, é baixo se comparado às grandes produtoras. Geralmente ele fica na casa do R$ 1 a R$ 2 milhões o que faz com que ele também seja  atrativo para investidores.

Contexto econômico brasileiro

Um ponto que deve ser levado em consideração pelas produtoras de cerveja é que, como em outros mercados do mundo, o Brasil vivencia uma inflação em seu contexto econômico. 

Microcervejarias mais focadas na distribuição poderão ter dificuldade de crescimento devido às margens reduzidas da modalidade, uma vez que competirão com o portfólio extenso e preços mais competitivos das grandes marcas.

Por outro lado, isso criará uma abertura para o fortalecimento das vendas diretas para aqueles que apostarem no consumo On-Trade, como em pontos de venda em bares, pubs e restaurantes. 

Os benefícios da estratégia do On-Trade

Além de proporcionar um maior volume de vendas, a estratégia gera oportunidade para uma aproximação da marca com o consumidor. E, ao que tudo indica essa será uma tendência que deve ganhar força nos próximos anos.

Para muitas cervejarias, uma forma de implementar a modalidade tem sido através da criação de espaços colaborativos com comida e outros produtos, compartilhando espaços e custos. 

Case de sucesso: a BIERINBOX

Um exemplo disso é a BIERINBOX, cervejaria artesanal de Paulínia – SP. Como forma de sempre oferecer variedade a seus clientes, a cervejaria aposta em parcerias com foodtrucks e músicos da região. A cervejaria também investe em acordos com mercados de importância, como o Sam’s Club e no e-commerce. 

Leia também: Conheça a BIERINBOX – “The Fantastic box’s beer”.

Os fatores que determinarão o sucesso nesse tipo de estratégia são o nível de qualidade e de serviços do empreendimento, o que tem dado certo para a BIERINBOX. A escolha tem trazido bons resultados, apresentando um aumento constante de volume e faturamento ao longo de seus 5 anos de produção, passando dos 17 mil litros anuais para os atuais 250 mil litros.

O panorama geral da indústria cervejeira no mundo

Segundo dados da IWSR, o principal parâmetro global no que diz respeito às tendências de consumo de bebidas alcoólicas, o panorama geral para a indústria cervejeira em 2023 no mundo é de instabilidade, com expectativa de um aumento de produção de 1 a 2%. 

Apesar do cenário macroeconômico incerto, muitas oportunidades aguardam a categoria neste ano. Enquanto o custo de vida continua se estreitando em muitos mercados, a IWSR espera que a cerveja, vista como um “luxo acessível”, se manterá resiliente à contenção de gastos.

Confira as principais tendências que esperam a indústria cervejeira no mundo assinaladas pela IWRS:

Recuperação das vendas para consumo local

As vendas de cerveja para o On-Trade (modalidade em que o comprador é também consumidor do produto no local de venda) deve alcançar o desempenho anterior à pandemia por Covid-19 até 2025. Contudo, a previsão é que o frágil panorama econômico vivenciado globalmente deve atrasar a recuperação das vendas de bebidas alcoólicas no geral.

Isso trará implicações para a indústria cervejeira e para os produtores de cerveja menores, que são mais dependentes desse tipo de ponto de venda. Embora a situação econômica deva desencorajar o público consumidor a frequentar bares, pubs e restaurantes, parte do volume de vendas deve se concentrar no Off-Trade. O que trará, trazendo ganho de share para modalidades como o e-commerce.

Os principais mercados de cerveja promovem resultados promissores

A indústria cervejeira da China, a maior do mundo, teve um desempenho inferior no ano passado devido ao retorno do lockdown. Todavia, com a reabertura de fronteiras em janeiro, após três anos de restrições, a expectativa para o retorno do On-Trade é extremamente positiva. Espera-se um impulsionamento no setor cervejeiro do país como um todo.

Embora os Estados Unidos, o segundo maior mercado de cerveja do mundo, estejam se recuperando do enfraquecimento proporcionado pela pandemia, o volume de importações, sobretudo o da cerveja mexicana, demonstrou um grande crescimento (4%) em 2022. 

Mesmo assim, a previsão é de que as vendas de cerveja continuem a se retrair na segunda indústria cervejeira. No entanto, as perdas podem não ser tão marcantes quanto se previa anteriormente. No país, o crescimento do segmento de RTD¹ (Ready-to-Drink, ou prontas para beber), que disputa espaço com a indústria cervejeira, decaiu, sobretudo por conta de um saturamento na linha de hard seltzers (bebidas que misturam água com gás com sabor e álcool). Comparado a anos anteriores, a venda de RTDs no restante do mundo não parece tão prejudicada, ainda fazendo frente ao setor cervejeiro.

Em contrapartida, a terceira e a quarta maiores indústrias cervejeiras no mundo, o Brasil e o México, seguem com perspectivas otimistas. A produção da América Latina como um todo tem concentrado muitos investimentos na indústria cervejeira nos últimos tempos, o que tem trazido grandes resultados. A IWSR espera que os volumes de cerveja no Brasil e no México continuem a crescer nos próximos anos.

Cresce a importância do e-commerce para o segmento de cerveja

Entre os 16 principais setores de e-commerce, a cerveja é o que terá o crescimento mais veloz nos próximos anos. Junto à cidra e aos RTDs, a cerveja será responsável por quase um quarto das vendas do comércio eletrônico até 2026.

Dessa forma, essa é uma tendência reconhecida como o destino do segmento no longo prazo tanto pelas gigantes do segmento, como a Ambev, quanto pelas microcervejarias, como é o caso da BIERINBOX.

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Premiunização continua a crescer, apesar da contenção de gastos

O ambiente online, que ganhou força durante a pandemia, se mostrou oportuno para a promoção de marcas premium. A expansão das vendas online deve ajudar a facilitar a premiunização que vem ocorrendo na indústria cervejeira.

Apesar do cenário de inflação em muitos mercados do mundo em 2022, o crescimento da premiunização parece ser duradouro e provavelmente prosseguirá neste ano. 

Essa tendência se mostrou evidente na indústria cervejeira como um todo. Isso porque a ênfase em vender marcas mais sofisticadas rendeu bons frutos, com consumidores gastando mais em suas experiências de consumo domiciliar para compensar a falta de bares, restaurantes, etc. 

Espera-se que essa tendência continue em 2023, uma vez que a cerveja ainda é vista como “luxo acessível”, agregando valor à categoria.

Categoria das cervejas sem álcool impulsionada por premiunização

As cervejas sem álcool normalmente estão sujeitas a menos ou nenhum imposto, se comparadas às demais. Apesar disso, geralmente seu preço no varejo é atraente para o comércio, e acabará se tornando ainda mais com a tendência à premiunização que a indústria cervejeira está vivenciando.

De produção mais viável, com maior suporte de marketing, inovação, produtos mais seletos e maior engajamento do público consumidor, o segmento pode esperar resultados positivos, com a presença de mais cervejas sem álcool no mercado em 2023 e o surgimento de novos rótulos.

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