Onde estão as mulheres negras investidoras? Conheça ações que visam aumentar a participação da mulher negra nesse universo.
Ao longo de toda essa semana temos falado muito sobre a participação das mulheres no mercado financeiro como um todo e mais especificamente no mundo dos investimentos. No entanto, os homens ainda dominam amplamente o mercado, apesar de sua abertura.
Nesse sentido, se a presença feminina continua sendo minoria no mercado de capitais, o questionamento que surge é: onde estão as mulheres negras investidoras?
As mulheres negras, em certo sentido, são ainda mais marginalizadas dentro desta minoria. Por isso, é crucial assegurar que essas mulheres tenham visibilidade e representação no setor financeiro.
Nos últimos tempos, tem-se discutido bastante sobre a importância de referências negras em diversos setores da sociedade. Sendo assim, o mercado financeiro não poderia ficar de fora deste debate.
A importância da representatividade
A presença de mulheres negras no mundo dos investimentos é crucial, não apenas para promover a igualdade e inclusão no setor, mas também para trazer perspectivas valiosas e únicas para o mercado financeiro.
A diversidade de ideias e experiências pode resultar em decisões mais bem informadas e bem-sucedidas. O que, por sua vez, pode fortalecer e tornar o mercado financeiro mais sustentável. Além disso, a presença de mulheres negras como investidoras pode inspirar outras mulheres e minorias sub-representadas a seguir carreira no setor financeiro.
Com esse pensamento em mente, nos últimos anos, diversas ações afirmativas têm sido desenvolvidas para tornar o mundo dos investimentos mais acessível e promover inclusão e equidade no setor.
Tais ações incluem iniciativas para aumentar a presença de mulheres negras em cargos de liderança no mercado financeiro, bem como programas de capacitação e mentoria que auxiliam as mulheres negras a aprimorar suas habilidades financeiras e construir suas redes de contatos.
BlackWin: empoderando investidoras negras no mercado brasileiro de startups e inovação
A BlackWin é uma plataforma pioneira no Brasil com objetivo de auxiliar mulheres negras a se tornarem investidoras-anjo, conectando-as com oportunidades de investimento em negócios liderados por empreendedores negros e negras no ecossistema de inovação.
A plataforma se inspirou em um movimento histórico do século XVIII conhecido como Irmandade da Boa Morte, uma confraria de mulheres negras alforriadas em Cachoeira (BA), que usava sua renda para libertar outras pessoas negras.
A iniciativa atual busca seguir essa tradição, onde a ascensão econômica de uma parcela da população negra é vista como uma ferramenta para impulsionar o poder econômico e político de toda a comunidade negra.
O que é uma investidora-anjo
Uma investidora-anjo é uma profissional que investe em startups e empresas em desenvolvimento que apresentam grande potencial de crescimento. De acordo com um levantamento realizado pela organização Anjos do Brasil, atualmente há aproximadamente 8 mil investidores anjo no Brasil.
No entanto, apenas 16% se identificam como mulheres e apenas 3% se declaram negros. Analisando esses dados de forma simplista, é possível notar que o número de mulheres negras que são investidoras-anjo é praticamente nulo.
No caso do BlackWin, sua atuação vai além de incentivar mulheres negras a se tornarem investidoras-anjo. A plataforma tem como missão investir em empreendimentos fundados por pessoas negras ou que possuam uma equipe majoritariamente negra em cargos C-Level (cargos de alta administração responsáveis por decisões estratégicas em uma empresa). Visando assim promover a representatividade e a diversidade no ecossistema de inovação.
Vale lembrar que pessoas negras ainda são minorias em cargos deste tipo.
Qual o foco da BlackWin?
A BlackWin concentra-se em negócios iniciantes por questões estratégicas, uma vez que entende que essas empresas enfrentam maiores dificuldades para obter investimentos.
A plataforma considera critérios como inovação social ou tecnológica. Além disso, avalia também o potencial do projeto em abordar questões importantes e sensíveis relacionadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pela ONU.
Em entrevista ao jornal Estadão, Luana Ozemela, economista e fundadora da Blackwin, expressou que a plataforma visa a um futuro em que as pessoas negras sejam bem-sucedidas, sejam protagonistas de suas vidas e contribuam para uma transformação coletiva. O objetivo é alcançar a equidade de gênero e raça no ecossistema de investimentos e encontrar caminhos mais eficazes para gerar prosperidade para todos.
Vinte mulheres negras de diferentes setores apoiaram o lançamento da plataforma BlackWin em julho do ano passado. Segundo Jéssica Silva Rios, cofundadora da BlackWin, a ideia é causar um impacto positivo, tornando-se uma das plataformas mais ativas de investimento em negócios liderados por pessoas negras no Brasil.
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