Dados da IWSR revelam os principais fatores de mudança para o consumo global de bebidas alcoólicas para este e os próximos anos
Ano após ano as tendências de consumo tendem a mudar, uma vez que o consumidor adapta seus hábitos e expectativas às novidades vigentes. Com isso em mente, a IWRS, principal referência no mundo quando o assunto é o comportamento dos consumidores de bebidas alcoólicas, organizou um estudo acerca das tendências de consumo alcoólico para os próximos anos.
Segundo a empresa, o cenário em que vivemos hoje é o de um mundo que está emergindo da pandemia por Covid-19 e entrando em um momento de instabilidade econômica crescente e que trará mudanças nos padrões de consumo daqui em diante – desde o aumento da preferência pelo consumo doméstico a uma tendência de moderação cada vez maior, impulsionada pela necessidade de cortar gastos e despesas excessivas.
Para você se inteirar das mudanças do mercado, trazemos os 8 fatores elencados pela IWSR que irão mudar o padrão de consumo no segmento de bebidas alcoólicas a partir de 2023, e consequentemente influenciar os investimentos no setor.
1 – Favorecimento de bebidas premium por consumidores de alto padrão
À medida que o mundo entra em uma fase econômica mais frágil, consumidores com um quadro financeiro mais estável – considerados a faixa mais alta entre os consumidores padrão (ou “mass affluent”) passam a ter maior peso para o mercado e trazem boas perspectivas para as marcas de vinho e destilados premium e superiores.
Isso se trata de uma grande mudança em relação à realidade vivenciada pelo setor durante a pandemia, na qual a faixa dos consumidores mais jovens, com um padrão de consumo mais moderado, foi responsável pela recuperação do consumo em mercados importantes como nos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Brasil.
A instabilidade econômica, entretanto, deverá reverter essa tendência, trazendo insegurança financeira e perspectiva de desemprego, sobretudo para essa faixa, nos próximos anos. Uma redução no consumo alcoólico do público entre 18 e 24 anos já foi observada na China e está possivelmente relacionada à taxa de desemprego entre os graduados do país (20%), quadro que pode vir a se repetir no cenário brasileiro – e que realça a força dos consumidores mass affluent durante os próximos anos.
2 – Liderança chinesa em xeque na categoria dos destilados de luxo
A até então líder no segmento de destilados de luxo, a China estará sob ameaça dos Estados Unidos nos próximos anos. A previsão é que o mercado estadunidense, precursionado pelos destilados de agave de alta qualidade, agregue mais valor à categoria do que qualquer outro nos próximos cinco anos, chegando próximo a alcançar o mercado chinês. Esse crescimento não vem de agora, mas sim é continuação de um movimento anterior à pandemia.
Outro mercado que põe em risco a posição chinesa é o da Índia, que vivencia um momento perfeito para o crescimento do setor – o país vem vivenciado uma rápida recuperação e crescimento pós-pandemia, prevendo-se um aumento na renda média do consumidor e disposição de consumo.
Mesmo desafiada pelos panoramas dos dois países, a produção de destilados de alta qualidade da China continua na disputa, vivenciando um período de forte crescimento, graças ao comércio eletrônico, que tem crescido no mundo todo desde 2020.
3 – Cenário favorável para mercado de cerveja na América Latina, África e Índia
A expectativa é que a taxa composta anual de crescimento (CAGR) da produção de cerveja suba em 1% entre 2021 e 2026, aumento liderado pelos mercados do Brasil, México, África do Sul, Índia e Colômbia. A cerveja também se encontra em posição de crescer em vários mercados do Sudeste Asiático.
No Brasil, o crescimento tem sido impulsionado por investimentos no On Trade consumo em bares, restaurantes, hotéis, etc.) e no comércio eletrônico. Alinhado a essa tendência, o On Trade brasileiro irá contribuir para colocar o país entre os 20 maiores mercados de bebida alcoólica até 2026.
4 – Segmento de vinho aquecido por categoria dos espumantes
Embora historicamente a categoria de vinho como um todo esteja em declínio de produção, Prosecco e Champagne continuam a crescer, e o segmento de alta qualidade vem ganhando destaque entre os demais espumantes.
Com o fim ou o afrouxamento das restrições provocadas pela pandemia, a demanda do produto explodiu, junto ao elevado número de eventos e celebrações que se sucederam. Outro fator-chave para o crescimento do segmento foi a mudança de mentalidade do consumidor, que passou a consumir espumantes em contextos mais informais..
O crescimento do Prosecco premium e superior é motivado pela forte procura nos Estados Unidos e Reino Unido, cujas produções cresceram 8% e 5% em 2022. Já o de Champagne está centrado nos EUA e na Austrália e os aperitivos leves na Espanha, promovidos pelo aumento no consumo diurno.
5 – Premiunização alavancando categoria de RTDs
Os dados da IWSR preveem um aumento em escala global no valor das bebidas prontas para beber (Ready-To-Drink, ou RTD), que englobam produtos como Bacardi Breezer, Smirnoff Ice e Skol Beats. Ao passo que a CAGR para o segmento, estimada em 7% no período 2022 – 2026, seja inferior à observada entre 2016 e 2021, (14%), o aumento no valor dos RTDs parece se equiparar nos dois períodos. Isso reflete o forte desempenho dos produtos RTD premium nos principais mercados do mundo.
Essa mudança na categoria traduz uma normalização na produção de RTDs, que vinha vivenciando um crescimento abrasivo nos últimos anos, principalmente para os hard seltzers (bebidas alcoólicas à base de água gaseificada) nos EUA.
Os RTDs premium impressionaram mais do que qualquer outra categoria nos últimos dois anos – embora em uma base de volume menor – com produtos novos lançados cada vez mais a preços mais elevados. Isso é impulsionado por um aumento na procura por destilados, bebidas de maior teor alcoólico e novidades de marcas premium conhecidas. Os RTDs são um claro concorrente da cerveja tradicional e ostentam consumidores interessados em pagar, muitas vezes, o dobro pela mesma quantia de produto.
6 – Crescimento moderado do e-commerce
Embora tenham passado por uma estrondosa fase de crescimento durante os lockdowns vivenciados na pandemia, crescendo mais de 40% só em 2020, as taxas de crescimento para o e-commerce tendem a normalizar à medida que os mercados voltam a se estabelecer após a pandemia.
Os indicadores do e-commerce em escala global, todavia, ainda se mostram ascendentes, havendo a expectativa de que a modalidade contribua para a venda de bebidas alcoólicas, atingindo mais de U$ 10 bilhões entre 2021 e 2026, e quase U$ 40 bilhões até 2026, ao se ter em conta os principais mercados.
Diferente dos anos anteriores, prevê-se que as vendas de cerveja, cidra e RTDs registrem crescimento mais rápido nos próximos cinco anos, e, até 2026, espera-se que essas bebidas representem quase um quarto das vendas online. Enquanto a cerveja será quem vai ver o maior volume sendo levado para o comércio eletrônico até 2026 (ante 2021), os destilados serão os que mais se valorizarão. Como resultado, a venda devinho sofrerá uma ligeira diminuição no e-commerce nos próximos anos.
7 – Aumento da preferência por consumo em casa
Cada vez mais sofisticada e consolidada durante a pandemia, com serviços de entrega, streaming e entretenimento em casa, a tendência ao consumo domiciliar (home premise) parece continuar em alta nos próximos anos, promovida pela crise econômica que provoca retenção de gastos principalmente para o On Trade (consumo em bares, restaurantes, hotéis, etc).
A recuperação econômica do mercado local no período pós-Covid tem sido desigual no mundo – enquanto hotspots promissores surgem em certos pontos, outros lutam para se manter ante a um menor número de clientes e a custos crescentes.
A expectativa da IWSR é que, embora a recuperação do On Trade seja lenta, os resultados pré-pandêmicos podem tornar a ser alcançados até 2026, graças, em particular, à força das vendas de cerveja na América Latina.
8 – Moderação atrelada à preocupação econômica
Os estudos sobre os padrões do consumidor revelam que a moderação no consumo de álcool é uma tendência cada vez mais presente, atrelada à instabilidade econômica e à necessidade de reduzir gastos; muitos consumidores têm optado por cortar de vez ao invés de reduzir o consumo em muitos mercados.
Seja por um estilo de vida mais saudável, seja para economizar ante a inflação, a redução no consumo de álcool tem sido observada tanto no que diz respeito ao número de ocasiões em que o álcool é consumido quanto na quantidade: tem-se optado por beber menos, muitas vezes combinando o consumo de uma bebida de maior teor alcoólico com uma sem ou com baixo teor na mesma ocasião.
Cerca de metade de todos os consumidores adultos questionados no estudo manifestaram interesse em moderar o seu consumo de álcool. A tendência é particularmente forte nos mercados europeus onde a confiança econômica é baixa, tais como o Reino Unido e a Alemanha.
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