Investir no aprimoramento do capital humano nas empresas tornou-se um diferencial crucial para fazer frente à concorrência – e as empresas de educação e tecnologia (Edtechs) se tornaram potencializadoras do treinamento organizacional.
O ritmo acelerado de transformações nas organizações está levando as empresas do mundo todo a tornarem-se cada vez mais estratégicas no investimento em treinamentos de seus funcionários. Isso porque, de acordo com a colunista da Forbes sobre tendências que moldam o mundo do trabalho, Jeanne Meister, a aprendizagem no local de trabalho tornou-se alavanca importante para as organizações atraírem, engajarem (para uma entrega com mais qualidade e rapidez) e reterem seus colaboradores.
Meister escreve livros sobre educação corporativa desde fins de 1990 e, no primeiro da série sobre o assunto, ela sinalizou o que hoje já se concretiza como uma realidade incontestável: “Muitas corporações acreditam que, por meio da educação continuada dos funcionários, eles podem alcançar metas estratégicas e melhorar o desempenho”.
De fato, pesquisa feita pela consultoria norte-americana Boston Consulting Group (BCG) com algumas das maiores empresas do mundo apontou que 95% de seus líderes consideravam o aprendizado corporativo essencial para o crescimento da empresa, mas apenas 15% o colocaram como prioridade na organização.
A lacuna existente na execução dessa prioridade passa pela dificuldade na inserção de treinamentos de qualidade (o que e como implantar) – fato que tende a diminuir com a entrada de empresas de tecnologia e educação (Edtechs) no desenvolvimento de plataformas voltadas ao assunto.
Para entender o fenômeno, A BCG comparou como as gigantes Amazon, Google, Microsoft e Toyota executavam a aprendizagem corporativa e, apesar das peculiaridades, chegaram ao ponto que permeavam todas elas: o foco no lifelong learning – ou “aprendizagem ao longo da vida” – voltado às estratégias de negócios.
O termo faz parte do cotidiano da população americana, que, segundo estudo realizado pela Pew Research Center, em 2016, constatou que mais de 70% da população se autointitulava lifelong learners e 63% dos que trabalhavam (36% dos adultos) eram classificados como “aprendizes profissionais”, isto é, fizeram curso ou receberam treinamento nos últimos 12 meses para melhorar as habilidades profissionais ou conhecimentos relacionados à carreira.
No Brasil, a educação corporativa entrou em novo patamar iniciado com o conceito de Treinamento & Desenvolvimento (T&D), antes focado em qualificação de mão de obra interna e controle de tempo da produção e, agora, abre o leque para aprofundar competências técnicas e humanas (soft skills), trazer inovação e produtividade e alinhar o clima organizacional – tudo isso com foco em resultados.
Antes da pandemia de Covid-19, empresas já adotavam ferramentas digitais, como o e-learning, para executarem o T&D, mas, como o boom de desenvolvimento de tecnologias voltadas à educação – capitaneadas pela Edtechs do mundo todo -, o processo de aprendizagem corporativo atingiu um patamar inédito (e irreversível) para a competitividade entre as corporações.
Com foco em desenvolver tecnologias para otimizar processos em educação e facilitar a aprendizagem, as Edtechs (acrônimo de Education & Technology) no Brasil cresceram 26% em 2020, com relação ao ano anterior, de acordo com mapeamento realizado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) e Associação Brasileira de Startups.
Das 566 startups ativas na época, 14% atuavam no ramo de educação corporativa. O número ainda é pequeno tamanho o rol de potencialidades no setor, uma vez que está no DNA dessas empresas oferecer soluções escaláveis ao segmento no qual atuam.
No momento em que o trabalho remoto, remanescente da pandemia, aumentou a demanda por treinamentos, qualificações e acompanhamento no mesmo formato, ferramentas disponibilizadas no e-learning, como videoaulas, podcasts, e-books, ganharam ainda mais potencialidades no ensino corporativo, como formulação de trilhas de aprendizagem (que se diferenciam por competências segmentadas, níveis, conexões de assuntos etc.), plataformas intuitivas, acessíveis e práticas, gamificação e novos métodos e formatos que potencializam o aprendizado e auxiliam na assimilação rápida.
Tudo isso condensado em um espaço único, que proporciona flexibilidade e autonomia ao colaborador, cliente, fornecedor e toda a rede conectada à empresa que contratou a plataforma e/ou treinamento, capazes de alinhar os conteúdos organizacionais necessários para impulsionar entregas de qualidade e engajamento de todo o time em busca de aprendizado – e melhorias – continuados, dentro do conceito de lifelong learning.
Mas, como ressalta a BCG no estudo sobre as conexões entre Edtechs e educação corporativa, a tomada de decisão pela cultura de aprendizado na empresa precisa partir das empresas – e as Edtechs parecem estar atentas para a resolução dos desafios iminentes: “EdTechs não podem, por conta própria, estabelecer culturas de aprendizado para seus parceiros colaborativos, mas podem fornecer assistência, por exemplo, facilitando o treinamento e divulgação para novos potenciais alunos, criando roteiros de aprendizagem para funcionários, desenvolvendo contratos de trilhas de aprendizado entre colaboradores e gerentes e monitorando o desempenho de resultados”.
Há, ainda, bastante espaço para trilhar no aprofundamento tecnológico e educacional da área corporativa, mas as bases para o crescimento já estão bem construídas com a potencialização de empresas focadas no segmento, subsidiando o lema de “investir no capital humano para multiplicar o capital da empresa”.
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